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FATOS, ESTÓRIAS E HISTÓRIAS
DA FACULDADE DE MEDICINA

Os 125 anos de existência da Faculdade de Medicina são repletos de fatos notáveis, estórias curiosas e histórias que repercutiram nacionalmente. Nesta mostra apresentaremos alguns destes acontecimentos marcantes envolvendo alunos e professores.

AS PRIMEIRAS MULHERES
MÉDICAS DIPLOMADAS

Embora o ensino superior estivesse presente no Brasil desde 1808, com a criação da Faculdade de Medicina da Bahia, somente em 1879, com o decreto n° 7.247, foi permitido às mulheres o acesso à educação. 

A primeira mulher a se diplomar pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre foi Alice Hess Maeffer, na primeira turma da Instituição, em 1904. Somente 13 anos depois, teremos uma segunda mulher a se diplomar, Noemy Valle Rocha. Em 1928, a Faculdade de Medicina diplomou Isolina Miranda Dutra e, no ano seguinte, 1929, Calpurnia Freire conquistou o título de médica. 


Essas mulheres foram precursoras dentro do Curso de Medicina e abriram as portas para que muitas outras se formassem.

AS BRASILEIRAS PRECURSORAS DA MEDICINA

As gaúchas Rita Lobato Velho Lopes, formada na Bahia, em 1887; Ermelinda Lopes de Vasconcelos, graduada no Rio de Janeiro, em 1888, e Antonieta César Dias Morpurgo, também formada no Rio de Janeiro, em 1889, foram as primeiras médicas diplomadas no Brasil.

O PRIMEIRO NEGRO DIPLOMADO

Luciano Raul Panatieri nasceu na cidade de Artigas, no Uruguai, em 1897. Filho de mãe etíope e pai genovês. Naturalizou-se em 1912. Estudou no Colégio Júlio de Castilhos em Porto Alegre, graduando-se em 1916. Formou-se pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre em 1922. A partir de 1923, atuou como tenente médico no Rio Grande do Sul, em São Paulo e em Minas Gerais. Exerceu a profissão como médico civil em Rio Pardo (RS), sendo um dos médicos que construíram o Hospital Senhor dos Passos. Realizou cursos de especialização no Rio de Janeiro em Cirurgia, Ginecologia e Obstetrícia. O interesse pela literatura o levou a participar do Grêmio Rio-Pardense de Letras. Foi colaborador de revistas científicas e redator da imprensa negra no final da década de 1920, quando participou do periódico O Exemplo, em Porto Alegre (RS), e do jornal O Astro, de Cachoeira do Sul (RS). Faleceu em 1972. 

O CASO DE POLÍCIA 

Em 1900, ocorreu uma série de desavenças entre alunos e professores do Curso de Medicina da Faculdade de Porto Alegre, ocasionada por questões políticas, e os ânimos se exaltaram entre alunos e direção. Um dos mais exaltados nestas discussões era o aluno Antonio da Cunha Correia de Mello, que foi proibido pela Congregação de entrar na Faculdade. Horas após esses acontecimentos, os alunos desfilavam pela Rua da Praia quando avistaram o diretor Alfredo Leal. O aluno Correia de Mello afrontou o diretor e lhe deu um tapa na face, derrubando-o. Enquanto se levantava, já com o revólver na mão, foi novamente esbofeteado e então disparou a arma, atingindo e matando o rapaz. O professor foi levado ao quartel da Brigada Militar e, posteriormente, submetido ao Tribunal do Júri, presidido por André da Rocha, em 1901. Alfredo Leal foi absolvido e mudou-se para Santos, onde viveu até o seu falecimento em 1930.

A TESE REPROVADA

Em dezembro de 1906, o doutorando Eduardo Soares de Barcellos teve a sua tese reprovada. Segundo alegações do estudante, esse fato ocorreu por ele ter criticado os trabalhos de determinados professores. Cerca de cem estudantes da Faculdade de Medicina protestaram pelas ruas da cidade, contando com o apoio do Professor Sarmento Leite, com cartazes depreciando os membros da banca avaliadora. Em seguida aos protestos, a Faculdade de Medicina realizou um questionário para identificar quais foram os alunos participantes, mas os estudantes negaram o envolvimento. Assim, a instituição suspendeu as matrículas para o próximo ano, gerando mais protestos. Após intervenção federal, a Ata de Punição foi revogada em fevereiro de 1907, este ato causou revolta em alguns professores que pediram demissão, entre eles Protasio Alves, na época diretor. Deste modo, Serapião Mariante assumiu a direção e Sarmento Leite a vice-diretoria. Ao final do ano de 1907, Eduardo Soares de Barcellos tem a sua tese aprovada e forma-se em Medicina com somente outro colega, Catharino Raphael de Azambuja.

A HORRENDA NOITE
DE 14 DE JULHO

Em 14 de julho de 1915, no Rio Grande do Sul os ânimos estavam exaltados contra a candidatura para o Senado de Hermes da Fonseca, que recém havia deixado a Presidência da República. Salvador Pinheiro Machado, irmão do Senador José Gomes Pinheiro Machado – que defendia a candidatura de Hermes da Fonseca –, era o Presidente do Estado em exercício e determinou que a Brigada Militar dissolvesse um comício contrário ao candidato na Praça Senador Florêncio (atual Praça da Alfândega). A ação aconteceu de forma violenta, deixando nove mortos e diversos feridos. Os estabelecimentos comerciais abriram as portas para o atendimento dos manifestantes. O doutorando da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, Josino Vasconcellos Chaves, 21 anos, vítima de uma bala perdida, foi atendido na Pharmacia Kroeff. Após, foi levado para o Hospital Santa Casa em estado crítico e operado pelos seus professores Moyses Meneses e Basil Sefton, mas não resistiu e faleceu. Seu corpo foi transportado pelos colegas de faculdade do hospital até a residência de seus pais. Foi velado na Faculdade de Medicina e, em seu enterro, foi homenageado pelos médicos e professores Sarmento Leite e Mario Totta. No jazigo, está emoldurado o rosto de Josino, com a mensagem: “Aqui repousa o doutorando Josino de Vasconcellos Chaves, inteligência preclara, coração nobilíssimo. Morreu assassinado na horrenda noite de 14 de julho. O crime não ficou impune, julgou-o inapelavelmente a consciência pública fulminando-o em sentença imprescindível”. 

Sefton, mas não resistiu e faleceu. Seu corpo foi transportado pelos colegas de faculdade do hospital até a residência de seus pais. Foi velado na Faculdade de Medicina e, em seu enterro, foi homenageado pelos médicos e professores Sarmento Leite e Mario Totta. No jazigo, está emoldurado o rosto de Josino, com a mensagem: “Aqui repousa o doutorando Josino de Vasconcellos Chaves, inteligência preclara, coração nobilíssimo. Morreu assassinado na horrenda noite de 14 de julho. O crime não ficou impune, julgou-o inapelavelmente a consciência pública fulminando-o em sentença imprescindível”. 

A PÉ E A PULSO: O ENTERRO
DE SARMENTO LEITE

Pela sua importância para a Faculdade de Medicina, na data de seu falecimento, em 24 de abril de 1935, foi “carregado a pé e a pulso” pelos estudantes desde a Faculdade até o cemitério da Santa Casa. Na época, o boletim do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul relatou todas as homenagens recebidas, além de registrar o cortejo fúnebre realizado pelos alunos, autoridades e comunidade acadêmica. 

DOUTOR JUCA

João Carlos Haas Sobrinho nasceu em Novo Hamburgo (RS), em 1941. Ingressou na Faculdade de Medicina e, em 1963, foi presidente da Federação dos Estudantes da UFRGS (FEURGS), do Centro Acadêmico Sarmento Leite, e da União dos Estudantes do Estado do Rio Grande do Sul (UEE-RS). Após o Golpe de 1964, foi deposto, preso e ameaçado com a cassação do seu registro de aluno, mas houve uma grande mobilização que impediu tal fato. A Congregação da Universidade o reintegrou, permitindo que concluísse o estágio obrigatório na Santa Casa de Porto Alegre e no Hospital Ernesto Dornelles. Em janeiro de 1966, foi para São Paulo e posteriormente para a China, fazer um curso de treinamento de guerrilha. Ao regressar ao Brasil, morou em Porto Franco (MA), onde montou um pequeno hospital onde ficou conhecido por Dr. Juca. Possivelmente foi morto em 1972, no episódio que ficou conhecido como “Guerrilha do Araguaia”.

ELKE MARAVILHA, UMA QUASE MÉDICA

Depois de fazer um teste de aptidão para descobrir o que estudar na universidade, Elke Maravilha foi aconselhada a seguir a carreira médica. No início dos anos 1960, morava na cidade de Porto Alegre (RS) e se preparou durante um ano para ingressar na Faculdade de Medicina, enquanto dava aulas particulares de idiomas como inglês, francês, italiano, espanhol e latim para se sustentar. Entrou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Entre os 30 colegas de sua sala, só havia duas mulheres. Decidiu por não seguir no curso e abandonou a faculdade, ainda no primeiro ano, em 1964.

A PRIMEIRA INDÍGENA DIPLOMADA

Em 2015, Lucíola Maria Inácio Belfort, kaingáng da aldeia Terra Indígena Serrinha, no município de Ronda Alta (RS), tornou-se aos 38 anos a primeira indígena a ser diplomada médica. Também formada enfermeira em 2001 pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). Até 2008, quando ingressou na Faculdade de Medicina, atuou em comunidades indígenas desenvolvendo trabalhos em Programas de Saúde da Família e como coordenadora de polo base na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em São Félix do Araguaia (MT). Após a formatura, continuou trabalhando junto às Comunidades Kaingáng, como médica supervisora na Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) em Passo Fundo (RS).

OS JUBILADOS  

O termo "jubileu" é usado para festejar marcos importantes, como aniversários de formaturas e outros eventos. A Faculdade de Medicina celebra, todos os anos, seus mais antigos jubilados e para homenageá-los, a mostra “Faculdade de Medicina: 125 anos de História” apresenta Arnaldo José da Costa Filho, jubilado pelos seus 75 anos de formatura em 2022 e Oly Lobato formado em 1949, que recebeu seu diploma pelos 70 anos de formatura em 2019. 
 

Destaca também Harry Quadros de Oliveira, único médico homenageado com o Jubileu de Carvalho, pelos seus 80 anos de formado em 2022.

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