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O COTIDIANO DOS MÉDICOS
EM FORMAÇÃO 

Nos 125 anos de existência, a Faculdade de Medicina formou mais de dez mil e quinhentos médicos e médicas. No início da faculdade, o ingresso ocorria após a aprovação nos exames de Português, Latim, História, Geografia, Aritmética e Álgebra, Geometria e Trigonometria, Física, Química, História Natural e um idioma estrangeiro (Francês, Inglês ou Alemão). 
 

A intensa vida social acadêmica iniciava-se no ingresso dos alunos na faculdade, marcado com o grande evento de recepção aos novos estudantes, conhecido como a “Passeata dos Bichos” ou “Parada dos Bichos”. 


Os documentos

As aulas

Após a entrada na Faculdade de Medicina, os alunos tinham aulas variadas, passando pelas disciplinas gerais até conteúdos mais especializados. Além dos assuntos ministrados em salas de aula, os professores guiavam os alunos pelas aulas práticas, tendo como espaço de aprendizagem, nos primeiros anos, as enfermarias da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre até a construção do Hospital de Clínicas de Porto Alegre na década de 1970.

Os convites

Os formandos

Para a obtenção do grau de doutor em Medicina, os alunos tinham que preparar uma tese de doutoramento, a ser apresentada ao final do curso. Nos anos iniciais da faculdade, os estudantes com melhores notas concorriam ao prêmio Dona Amélia Berchon des Essarts, entregue ao aluno laureado. Após a formatura, os diplomados faziam viagens para especialização em hospitais europeus, situados em capitais como Paris (França) e Berlim (Alemanha), no período de um a dois anos.

Os diplomas de Medicina

Os quadros de formatura

A PASSEATA DOS BICHOS 

Uma tradicional atividade estudantil realizada no começo de cada ano letivo. Neste evento, os veteranos dos cursos recepcionavam os calouros de forma irreverente, divertida e crítica. 
 

Era uma festa gigantesca e que envolvia toda a cidade. Familiares e moradores se deslocavam para assistir ao cortejo dos estudantes no centro de Porto Alegre, atiravam confetes e serpentinas de cima dos prédios, aplaudiam. Os alunos se fantasiavam e se pintavam e, munidos de cartazes, percorriam o trajeto que compreendia a Rua Sarmento Leite, Rua João Pessoa, Avenida Salgado Filho, Rua Dr. Flores e Rua dos Andradas, até a Praça da Alfândega. No desfile, havia crítica e a sátira de fatos cotidianos, questões relacionadas à faculdade e figuras em evidência na época, através de charges e cantos.

Na década de 1960, após a instalação da Ditadura Militar no Brasil, o evento sofreu perseguições. Em 1966, os estudantes foram duramente criticados por terem realizado a passeata todos vestidos de preto, em protesto às questões políticas. O último desfile desse período ocorreu em 1968. A “Passeata dos Bichos” só retornou após a reabertura política, mas não com a mesma força e irreverência de seu início. 

AS KERMESSES

Nos primeiros anos após a sua criação, era comum a realização de Kermesses, eventos sociais de arrecadação de verbas, organizados pelos alunos, para o funcionamento da Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Nessas festividades, ocorriam doações de objetos que eram leiloados, além de festas e bailes. 

OS CAMPEONATOS DE FUTEBOL E A SOCIABILIDADE

No decorrer do curso, novos e importantes eventos sociais surgiam. Entre estes, estavam os campeonatos de futebol interséries, quando as séries da faculdade se enfrentavam, e os famosos torneios realizados entre os diferentes cursos – os maiores rivais do time da Medicina eram as equipes das faculdades de Engenharia e Direito.

Para a realização dos torneios, cada curso elegia uma madrinha, parte importante do ritual futebolístico, pois cabia a ela entregar a medalha ao time vencedor no final do campeonato no próprio campo, além de organizar e participar nos bailes promovidos pelo centro acadêmico.

médicos e jogadores

Muitos dos médicos que jogavam nos campeonatos tornaram-se desportistas profissionais e foram atletas de times como Grêmio e Internacional. O salário que recebiam os auxiliava a pagar os custos do ensino da faculdade, alimentação e alojamento durante os estudos.

O CENTRO ACADÊMICO SARMENTO LEITE

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Além das festas e atividades esportivas, os estudantes do Curso de Medicina participavam nas questões relacionadas ao movimento estudantil. O Centro Acadêmico de Medicina foi fundado em 1912 e era uma entidade representativa dos estudantes. A criação da agremiação foi iniciativa do acadêmico de Medicina Fernando de Paula Esteves, que se tornou o primeiro presidente durante a gestão de 1912 a 1913. O professor Eduardo Sarmento Leite foi o único professor a participar na reunião de inauguração, que ocorreu no cinema Odeon. O Centro Acadêmico Sarmento Leite (CASL) recebeu o nome em homenagem ao mestre, por ser um dos fundadores da Faculdade de Medicina, professor catedrático e muito estimado pelos alunos e pela comunidade. 

O CASL, conforme seus estatutos, tem como missão atender aos interesses comuns dos alunos da faculdade e de representá-los nas instâncias cabíveis dentro da instituição. Diversos médicos que passaram pelas direções do diretório acadêmico seguiram a vida política, sindical e artística.

A primeira estudante a ser presidente do CASL foi Jeanette Barbisan de Souzana gestão de 1971 a 1972, 59 anos depois da fundação da agremiação. 

AS PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS E POLÍTICAS DO CENTRO ACADÊMICO

Além das discussões políticas e de interesse dos alunos, o Centro Acadêmico Sarmento Leite era responsável pela organização e edição de publicações acadêmicas. 


Em 1914, os estudantes Lauro de Oliveira e Raul Moreira – presidente e vice-presidente do Centro Acadêmico, respectivamente, tomaram a iniciativa de lançar a revista Vida e Arte, um espaço para refletir sobre ciência e arte. Após, surgiram as publicações Acadêmicos de Medicina (1934) e a C.A.M. Centro Acadêmico de Medicina (1938). O jornal O Bisturi, que trazia matérias de interesse acadêmico, político e científico, surgiu em 1945. 

Primeira edição do "O Bisturi", agosto de 1945

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