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A Gripe Espanhola foi a mais devastadora das doenças do século XX, infectando, em cerca de dois anos, mais de 600 milhões de pessoas. A estimativa do número de mortes chega a 40 milhões em todo o mundo.


A epidemia foi marcada por três momentos. O primeiro, em março de 1918, apresentou mortalidade baixa e não despertou grande preocupação nas autoridades e na população. O segundo, em agosto do mesmo ano, é marcado pela expansão da doença pelo mundo e o aumento da mortalidade. Já o terceiro e menos virulento deles manifestou-se em janeiro de 1919, e estendeu-se até 1920 em alguns países.


O objetivo do Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul foi demonstrar o cotidiano de Porto Alegre (RS) durante os meses de outubro a dezembro de 1918, com a eclosão da epidemia na cidade. A partir de periódicos, documentos oficiais, imagens e objetos foi possível retratar a organização das autoridades públicas, médicas e policiais no combate à doença, bem como o modo como a população recebeu essas estratégias e adaptou-se às mudanças do seu cotidiano.

A exposição virtual é mais um recurso que MUHM oferece ao público, para que possa conhecer a temática e o acervo desta mostra, que  está exposta fisicamente no Museu  e, a partir dela incentivar o visitante a refletir sobre o momento atual em que vivemos.

O MUNDO E A GRIPE ESPANHOLA

O surgimento da Gripe Espanhola coincidiu com a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) e o movimento das tropas, especialmente no território europeu, facilitou a propagação da epidemia.

O Brasil entrou no conflito em outubro de 1917, declarando guerra ao Império Alemão. Em 1918, organizou e enviou uma Missão Médico-Militar para França. Fundar um hospital neste país e colaborar com a causa brasileira na Guerra eram os objetivos dos jovens médicos que integravam o grupo.  

CURIOSIDADE

Os primeiros registros da doença ocorreram nos Estados Unidos, em um campo de treinamento das tropas americanas no Kansas, em março de 1918. O cozinheiro do exército americano Albert Gitchell foi a primeira pessoa diagnosticada.

A origem do nome deve-se, provavelmente, ao fato de a Espanha não ter restringido a circulação de informações sobre a doença. No restante da Europa, a imprensa estava sob censura em virtude da Primeira Guerra Mundial.

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)

Na Primeira Guerra ocorreu o enfrentamento de dois blocos: A Tríplice Aliança (Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Itália) e a Tríplice Entente (Inglaterra, França e Rússia) causado por diversas motivações: a derrota do Império Francês para o Reino da Prússia, durante a guerra Franco-Prussiana (1870-1871); o expansionismo e industrialização do Império Alemão; a produção de armas, durante a corrida armamentista; a anexação da Bósnia à Áustria que contrariava o nacionalismo sérvio; entre outras.  O resultado deste conflito foi um novo desenho do mapa político da Europa; a construção de um Estado socialista; o advento de armas químicas; e o abalo de maneira substancial da economia dos países participantes.

A MISSÃO MÉDICA

Contava com serviços clínicos e cirúrgicos, farmácia, intendência, secretaria e enfermaria, reunindo médicos (civis e militares), farmacêuticos e militares. O Chefe da Missão Médica era o Deputado do Rio Grande do Sul – Nabuco de Gouveia. Os médicos do Rio Grande do Sul que participaram: Fábio de Barros, Severo do Amaral (Brigada Militar), chefes de enfermaria; Mário Kroeff, chefe de cirurgia; Luiz Henrique de Souza Lobo, Adolfo Brasil Vianna, Henrique d’Ávila Ripper Monteiro, Renato Rodrigues Barbosa, Basil Sefton, José Inácio Valença Teixeira, Hélio Franco Fernandes, Hildebrando Humberto Varnieri, Ernesto Biaggini Leggerini, Diniz Rangel e Djalma Só Jobim, médicos adjuntos; Viriato Pereira Dutra, médico auxiliar.

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Membros gaúchos da Missão Médica Brasileira. Da esquerda para direita: Drs. Evaristo Amaral Filho, Fabio Barros, Renato Barbosa, Basil Sefton, Luiz Henrique de Souza Lobo, Alberto de Souza, Ripper Monteiro e Basil Vianna.

Acervo Instituto Histórico e Geográfico do RS. Fonte: Revista Kodak, n.49, Ano IV, 20 de julho de 1918

Dr. Scylla Teixeira da Silva e Alayde Jacques Dornelles

Fonte: Revista Máscara, 12 de outubro de 1918

Dr. Scylla Teixeira da Silva (1887,  Alegrete RS). Em 1912 se formou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1913 foi nomeado 1º Tenente Médico do Exército e designado para a 7ª Região, em Quaraí (RS), atuando na Guerra do Contestado. Em 1918 servia o RS no 9º Regimento de Cavalaria. Viajou juntamente com os médicos brasileiros da Missão Médica na França durante a 1º Guerra, com sua esposa, Alayde Jacques Dornelles como 1º Tenente Médico e faleceu em viagem, em Dakar, na África, em 20/09/1918.

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A “influenza espanhola” – como se sabe, a epidemia que acaba de assolar, em Dakar, as guarnições dos nossos vasos de guerra em operações no Atlântico e os membros da missão médica brasileira que seguiram para a França, (...) em maio ultimo em Madrid, dahi se estendendo por toda a Espanha e desse país para Marrocos, propagando-se pela costa do nordeste da África.

Fonte: Correio do Povo, 27 de setembro de 1918, p. 1

O INIMIGO INVISÍVEL

 

A origem da gripe espanhola é incerta. Os primeiros registros da doença ocorreram em março de 1918, em campos de treinamento militar nos EUA. A maioria, porém, eram casos benignos. Logo, a doença se alastrou para diversos países europeus, como França, Alemanha e Espanha.

No final de agosto, a epidemia assume uma proporção alarmante com um aumento do número de infectados e  gravidade do quadro clínico das vítimas. Em setembro, a Gripe Espanhola chega ao Brasil, provavelmente a bordo do navio inglês Demerara, que passou por Recife, Salvador e Rio de Janeiro com passageiros infectados.

Cientistas, médicos e autoridades de várias partes do mundo buscavam respostas para a epidemia. Como não havia medicamentos, os médicos se mobilizaram, juntamente ao poder público, para criar estratégias a fim de combater o inimigo invisível. Devido ao desconhecimento do agente causador, prevaleceram as medidas profiláticas individuais e sintomáticas.

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1 - Jaleco

Pertenceu ao Dr. Ottorino Frasca

Doador: Carlos Renato Frasca Rodrigues

2 - Microscópio

Doador: Dr. Paulo de Argollo Mendes

3 - Microscópio Eletrônico

Pertenceu: Dr. Abrahão Waldman

Doador: Dr. Sérgio da Costa Waldman

PORTO ALEGRE SITIADA

“(...) centenas de pessoas, inclusive famílias emigram da capital para as localidades do interior ou se refugiam nos arrebeldes.”
(Correio do Povo, 31/10)

1 - Caneta Tinteiro

Pertenceu ao Dr. Antônio Louzada

Doador: Geraldo Louzada

2. Telefone
Doador: Dr. Germano Mostardeiro Bonow

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